Em sua segunda edição, o Palco Meu contou com a participação do pianista Fernando Brito esbanjando fôlego e habilidade ao tocar em seqüência a Sonata para Piano Op. 22 de L. V. Beethoven, Impressões Seresteiras de H. Villa-Lobos e o Scherzo n. 1 de F. Chopin.
Em seguida o regente Dani Magalhães mostrou seu domínio no violão acompanhado pela flautista Barbara Viggiano interpretando dois movimentos da bela Sonata em Mi Maior de J.S.Bach.
E fechando o evento outro regente, Eduardo Mendes, tocou contrabaixo com o violinista João Antônio e o violoncelista Jayaram Márcio. Esses três brilhantes músicos compõem o Trio de Cordas Jazz que conquistou a platéia com seus arranjos inovadores de tradicionais temas do Jazz Americano.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Palco Meu – 19/04
A estréia do Palco Meu foi aberta com chave de ouro por Rúbia Vieira na flauta e Fred Selva no vibrafone. Eles tocaram um arranjo bem-sucedido do Café (História do Tango) de Astor Piazzolla.
Em seguida, outro duo arrepiou o público. O pianista Thiago Quintino e sua amiga-atriz-cantora Raisa Campos tocaram a emocionante Modinha de Tom Jobim.
A terceira apresentação ficou a cargo de Jayaram Márcio encantando a platéia com a Allemande e Boureés da Suite 3 de J.S.Bach no violoncelo solo.
Fechando o evento, Guilherme Pimenta tocou no violino a Allemande da Partita 1 de J.S.Bach com muita propriedade e beleza.
Em seguida, outro duo arrepiou o público. O pianista Thiago Quintino e sua amiga-atriz-cantora Raisa Campos tocaram a emocionante Modinha de Tom Jobim.
A terceira apresentação ficou a cargo de Jayaram Márcio encantando a platéia com a Allemande e Boureés da Suite 3 de J.S.Bach no violoncelo solo.
Fechando o evento, Guilherme Pimenta tocou no violino a Allemande da Partita 1 de J.S.Bach com muita propriedade e beleza.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Carta aberta à comunidade da UFMG, em especial da Escola de Música:
Um ano se passou desde o início dos novos cursos do REUNI na Escola de Música, e já pudemos perceber nossas primeiras dificuldades, assim como perceberam os alunos do curso de Design de Moda, da Escola de Belas Artes (conforme manifestaram em sua própria carta aberta à comunidade). Entretanto, nossas carências se evidenciam não tanto pela especificidade do nosso currículo, que agora tem como objeto e material principais as músicas consideradas “populares”, mas pela nova identidade que, aos poucos, todos os alunos da escola assumem, não mais como nichos separados que precisam desse ou daquele instrumento disponível no acervo da escola, mas como estudantes de música, em qualquer que seja sua classificação estilística, que precisam de uma estrutura material e curricular atualizada, com a qualidade que for possível e, principalmente, com a diversidade que for necessária.
Não há quem possa determinar com precisão, hoje, o conceito de música, e nenhuma autoridade no assunto pode afirmar com propriedade quais instrumentos ou formações são considerados integrantes do universo musical, uma vez que se trata de uma questão muito mais ampla que a que foi definida pela escola tradicional européia até o início do século XX.
É claro que, por questões estruturais materiais, nem tudo que é entendido como instrumento musical pode ter, na UFMG, uma formação acadêmica completa. Porque é que existe um bacharelado em Harpa ou Clarineta e não um bacharelado em Berimbau ou Balafon? Por causa da demanda, seria uma boa resposta: dentre todas as possibilidades, precisamos escolher aquelas que atendem ao maior número de pessoas. Será que existiria algum outro motivo? Justificar a ênfase em certos instrumentos em detrimento de outros na escola de música por sua complexidade técnica ou mesmo pelo repertório conhecidamente desenvolvido até hoje provavelmente seria um erro, uma vez que é impossível determinar tais critérios. A justificativa de que não haveria professores com a formação acadêmica necessária para ministrar os cursos também não é válida: se os grandes mestres daquilo que queremos estudar e desenvolver neste espaço em que agora dialogamos não tem a formação curricular imposta pelos parâmetros atuais, talvez os parâmetros é que devessem ser questionados e flexibilizados. (Você gostaria de ter como professor ou colega de trabalho um músico necessariamente formado e pós-graduado ou um músico como Pixinguinha ou Mozart que desse contribuições inestimáveis como professor, independente da formação curricular? O que afinal é importante para nós, estudantes de artes? Este ponto também merece atenção e discussão, pois é de nosso profundo interesse, e inclusive chama a atenção para a produção docente na escola.)
Assumindo que a razão e a estrutura do curso de música da Universidade Federal de Minas Gerais, assim como de qualquer outra atividade realizada por uma entidade pública de construção de conhecimento, é atender da melhor forma possível aos anseios da sociedade e daqueles que procuram a formação acadêmica, entendemos como extremamente necessária a criação de espaços para o estudo de instrumentos como o contrabaixo elétrico e a guitarra, por exemplo. Os instrumentos elétricos já surgiram há algumas décadas, e já estava mesmo na hora de a comunidade erudita aceita-los como instrumentos tão criadores de música quanto os mais tradicionais e antigos.
Por isso surgiu o bacharelado em música popular. Mas não só por isso. Além de ser uma forma de inserir no universo acadêmico instrumentos não tradicionais no contexto da criação dos primeiros conservatórios no Brasil, modelados pela tradição européia, a principal diferença do curso de música popular está no material musical estudado, nas formações, que se diversificam enormemente, e no repertório, que se atualiza e se renova. (Chegará o dia em que nos matricularemos em música, sem restrições a estilos e linguagens...)
Precisamos de amplificadores, pedestais, cabos, microfones e instrumentos para que o mínimo das nossas aulas práticas seja possível. Ficamos satisfeitos com a aquisição dos tantos pianos do último semestre, e, é claro, gostaríamos de cadeiras e estantes novas. Mas nossa prioridade, sem a qual não é possível dar prosseguimento à nossas atividades mais básicas, são, definitivamente, a composição de um mínimo de estrutura para o estudo e a formação de grupos com instrumentos elétricos e amplificados. Entretanto, nosso apelo é mais ambicioso: não se trata de uma aquisição para o novo curso do REUNI, o Bacharelado em Música Popular. Trata-se de uma aquisição que irá contribuir, não individualmente para cada estudante que se dedica à música barroca, por exemplo, mas para a totalidade da Escola de Música, que, por sua vez, ampliará, ainda que tardiamente, sua abrangência tão restrita a moldes europeus do século passado.
Este apelo aos responsáveis pelo patrimônio e pela estrutura física e curricular da Escola de Música se estende ainda a cada aluno e cada professor, convidando a todos a refletirem sobre os significados que buscamos e construímos neste espaço, e investindo coragem aos que acreditam numa construção de conhecimento, arte e diálogo sem barreiras entre estilos, sem preconceitos de linguagens, sem restrições étnicas, filosóficas, políticas, sociais ou artísticas.
Ana Carolina Estrela da Costa, aluna do 3o período da Escola de Música
Quinta-Feira, 06 de maio de 2010.
Não há quem possa determinar com precisão, hoje, o conceito de música, e nenhuma autoridade no assunto pode afirmar com propriedade quais instrumentos ou formações são considerados integrantes do universo musical, uma vez que se trata de uma questão muito mais ampla que a que foi definida pela escola tradicional européia até o início do século XX.
É claro que, por questões estruturais materiais, nem tudo que é entendido como instrumento musical pode ter, na UFMG, uma formação acadêmica completa. Porque é que existe um bacharelado em Harpa ou Clarineta e não um bacharelado em Berimbau ou Balafon? Por causa da demanda, seria uma boa resposta: dentre todas as possibilidades, precisamos escolher aquelas que atendem ao maior número de pessoas. Será que existiria algum outro motivo? Justificar a ênfase em certos instrumentos em detrimento de outros na escola de música por sua complexidade técnica ou mesmo pelo repertório conhecidamente desenvolvido até hoje provavelmente seria um erro, uma vez que é impossível determinar tais critérios. A justificativa de que não haveria professores com a formação acadêmica necessária para ministrar os cursos também não é válida: se os grandes mestres daquilo que queremos estudar e desenvolver neste espaço em que agora dialogamos não tem a formação curricular imposta pelos parâmetros atuais, talvez os parâmetros é que devessem ser questionados e flexibilizados. (Você gostaria de ter como professor ou colega de trabalho um músico necessariamente formado e pós-graduado ou um músico como Pixinguinha ou Mozart que desse contribuições inestimáveis como professor, independente da formação curricular? O que afinal é importante para nós, estudantes de artes? Este ponto também merece atenção e discussão, pois é de nosso profundo interesse, e inclusive chama a atenção para a produção docente na escola.)
Assumindo que a razão e a estrutura do curso de música da Universidade Federal de Minas Gerais, assim como de qualquer outra atividade realizada por uma entidade pública de construção de conhecimento, é atender da melhor forma possível aos anseios da sociedade e daqueles que procuram a formação acadêmica, entendemos como extremamente necessária a criação de espaços para o estudo de instrumentos como o contrabaixo elétrico e a guitarra, por exemplo. Os instrumentos elétricos já surgiram há algumas décadas, e já estava mesmo na hora de a comunidade erudita aceita-los como instrumentos tão criadores de música quanto os mais tradicionais e antigos.
Por isso surgiu o bacharelado em música popular. Mas não só por isso. Além de ser uma forma de inserir no universo acadêmico instrumentos não tradicionais no contexto da criação dos primeiros conservatórios no Brasil, modelados pela tradição européia, a principal diferença do curso de música popular está no material musical estudado, nas formações, que se diversificam enormemente, e no repertório, que se atualiza e se renova. (Chegará o dia em que nos matricularemos em música, sem restrições a estilos e linguagens...)
Precisamos de amplificadores, pedestais, cabos, microfones e instrumentos para que o mínimo das nossas aulas práticas seja possível. Ficamos satisfeitos com a aquisição dos tantos pianos do último semestre, e, é claro, gostaríamos de cadeiras e estantes novas. Mas nossa prioridade, sem a qual não é possível dar prosseguimento à nossas atividades mais básicas, são, definitivamente, a composição de um mínimo de estrutura para o estudo e a formação de grupos com instrumentos elétricos e amplificados. Entretanto, nosso apelo é mais ambicioso: não se trata de uma aquisição para o novo curso do REUNI, o Bacharelado em Música Popular. Trata-se de uma aquisição que irá contribuir, não individualmente para cada estudante que se dedica à música barroca, por exemplo, mas para a totalidade da Escola de Música, que, por sua vez, ampliará, ainda que tardiamente, sua abrangência tão restrita a moldes europeus do século passado.
Este apelo aos responsáveis pelo patrimônio e pela estrutura física e curricular da Escola de Música se estende ainda a cada aluno e cada professor, convidando a todos a refletirem sobre os significados que buscamos e construímos neste espaço, e investindo coragem aos que acreditam numa construção de conhecimento, arte e diálogo sem barreiras entre estilos, sem preconceitos de linguagens, sem restrições étnicas, filosóficas, políticas, sociais ou artísticas.
Ana Carolina Estrela da Costa, aluna do 3o período da Escola de Música
Quinta-Feira, 06 de maio de 2010.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Escola de Música: Universidade ou Conservatório?
Seja por imaturidade ou pelas numerosas deficiências do sistema educacional brasileiro (desde a educação infantil até o ensino médio) observa-se um despreparo dos estudantes para o ensino superior. Não está claro qual é a postura esperada de um estudante universitário. E no caso da música essa postura ideal está ainda menos clara.
Tradicionalmente o ensino de música no Brasil se deu através de conservatórios. Segundo Eleide G. Castilho, é durante o período Pombalino (1760-1808) que surgem os conservatórios de música no Brasil, “...visando mais o aprendizado técnico da música [do que o ensino funcional praticado até então pelos jesuítas para catequizar indígenas]” (PINTO, 1998, p.14). E desde então a pedagogia musical brasileira apenas reproduziu os padrões europeus de transmissão de conhecimento. No século XX, sugiram significativas mudanças nos parâmetros de ensino musical europeu, principalmente na musicalização, e isso também refletiu em parte do ensino musical do Brasil. Mas esses novos parâmetros ainda hoje são desconhecidos por muitos conservatórios nacionais. A força da tradição nessas instituições dificulta muito transformações desse nível, pois isso afetaria enormemente o tipo de ensino ali praticado.
Belo Horizonte já teve um conservatório. A partir de 1925 o Conservatório foi gradativamente ganhando expressão até que em 1962 entrou para UFMG e em 1997 veio para o Campus Pampulha. Digo que o conservatório veio, porque muito da mentalidade “conservatória” permanece. E também porque não houve um desejo pronunciado de adaptar esse conservatório para sua nova realidade universitária, como vocês podem checar nesse resumo histórico aqui:
http://www.pdfqueen.com/html/aHR0cDovL3d3dy5tdXNpY2EudWZtZy5ici90ZXh0b3MvaGlzdG9yaWEucGRm
De acordo com definições “wikipédicas”, “uma universidade é uma instituição pluridisciplinar de formação dos quadros de profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano.”
E nossa própria universidade diz que “A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nos termos do seu Estatuto, aprovado pelo Conselho Universitário em 5 de julho de 1999, tem por finalidades precípuas a geração, o desenvolvimento, a transmissão e a aplicação de conhecimentos por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, compreendidos de forma indissociada e integrados na educação e na formação técnico-profissional dos cidadãos, bem como na difusão da cultura e na criação filosófica, artística e tecnológica.”
E também que “visando ao cumprimento integral das suas finalidades estatutárias e ao seu compromisso com os interesses sociais, a UFMG assume como missão gerar e difundir conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais, destacando-se como Instituição de referência nacional na formação de indivíduos críticos e éticos, dotados de sólida base científica e humanística e comprometidos com intervenções transformadoras na sociedade e com o desenvolvimento sustentável.”
Muito além da função inicial do Conservatório Mineiro de Música de “ministrar a instrução musical em todos os seus ramos, formando professores de música, de instrumentos e de canto, compositores e regentes de orquestra”, não é mesmo?
Me parece que não são muitos os que compreendem a abissal distância entre o ensino de música do conservatório e da universidade. E, a meu ver, a falta dessa necessária compreensão gera equívocos na avaliação do ensino do nosso curso.
A disciplina “História e Música”, por exemplo, é ofertada atualmente com uma visão transversal da história da música ao contrário da narrativa histórica cronológica, antigamente adotada. Essa abordagem, de acordo com uma de suas ementas, privilegia a compreensão da música a partir de múltiplos focos de análise a fim de incentivar uma visão crítica do estudante sobre o processo histórico de produção musical. Mas a antiga perspectiva de educação, especialmente a difundida (e ainda não exterminada) pelos conservatórios, defende a transmissão passiva de conteúdo através da descrição eurocêntrica evolucionista da história da música européia ocidental. Pois no entender dessas instituições, o que o estudo da história da música deveria oferecer a um instrumentista, por exemplo, é o conhecimento dos períodos históricos em que as peças que ele interpreta foram produzidas.
Não se trata de discutir sobre as preferências individuais de cada estudante ou professor. Mas de refletir: qual modelo de ensino melhor se alinha com o papel da UFMG? Uma atuação crítica e participativa dos professores e alunos analisando a história da música a partir de uma perspectiva de processo inacabado, isto é, considerando inevitável a contribuição dos alunos para esse processo e assim não apenas incluindo, mas evidenciando a responsabilidade desses estudantes na construção dessa história ou uma postura de receptividade passiva do corpo discente, visando principalmente à assimilação de conteúdos consagrados da história da música européia ocidental reproduzida unilateralmente ao longo de séculos de colonialismo no Brasil? A primeira se aproxima da disciplina “História e Música” de que dispomos hoje e a segunda da História da Música ensinada em conservatórios e escolas de música Brasil afora.
O problema está na atual demanda de alguns alunos e professores pela retroação através do restabelecimento da História da Música. Isso demonstra que as atribuições da universidade não foram compreendidas apropriadamente.
Chimamanda Adichie, uma escritora nigeriana, discursou em uma conferência internacional sobre a perversidade da narrativa unilateral da história de um povo falando de como preconceitos absolutamente infundados são tomados por verdade devido à falta de diversidade de perspectivas sobre algo.
Espero que nossa posição privilegiada dentro de uma instituição como a UFMG não seja desperdiçada em retrocessos esterilizantes e que possamos, pelo contrário, produzir conhecimento com cada vez mais lucidez e liberdade.
Barbara Viggiano, aluna do 7º período de Bacharelado em Flauta
Tradicionalmente o ensino de música no Brasil se deu através de conservatórios. Segundo Eleide G. Castilho, é durante o período Pombalino (1760-1808) que surgem os conservatórios de música no Brasil, “...visando mais o aprendizado técnico da música [do que o ensino funcional praticado até então pelos jesuítas para catequizar indígenas]” (PINTO, 1998, p.14). E desde então a pedagogia musical brasileira apenas reproduziu os padrões europeus de transmissão de conhecimento. No século XX, sugiram significativas mudanças nos parâmetros de ensino musical europeu, principalmente na musicalização, e isso também refletiu em parte do ensino musical do Brasil. Mas esses novos parâmetros ainda hoje são desconhecidos por muitos conservatórios nacionais. A força da tradição nessas instituições dificulta muito transformações desse nível, pois isso afetaria enormemente o tipo de ensino ali praticado.
Belo Horizonte já teve um conservatório. A partir de 1925 o Conservatório foi gradativamente ganhando expressão até que em 1962 entrou para UFMG e em 1997 veio para o Campus Pampulha. Digo que o conservatório veio, porque muito da mentalidade “conservatória” permanece. E também porque não houve um desejo pronunciado de adaptar esse conservatório para sua nova realidade universitária, como vocês podem checar nesse resumo histórico aqui:
http://www.pdfqueen.com/html/aHR0cDovL3d3dy5tdXNpY2EudWZtZy5ici90ZXh0b3MvaGlzdG9yaWEucGRm
De acordo com definições “wikipédicas”, “uma universidade é uma instituição pluridisciplinar de formação dos quadros de profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano.”
E nossa própria universidade diz que “A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nos termos do seu Estatuto, aprovado pelo Conselho Universitário em 5 de julho de 1999, tem por finalidades precípuas a geração, o desenvolvimento, a transmissão e a aplicação de conhecimentos por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, compreendidos de forma indissociada e integrados na educação e na formação técnico-profissional dos cidadãos, bem como na difusão da cultura e na criação filosófica, artística e tecnológica.”
E também que “visando ao cumprimento integral das suas finalidades estatutárias e ao seu compromisso com os interesses sociais, a UFMG assume como missão gerar e difundir conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais, destacando-se como Instituição de referência nacional na formação de indivíduos críticos e éticos, dotados de sólida base científica e humanística e comprometidos com intervenções transformadoras na sociedade e com o desenvolvimento sustentável.”
Muito além da função inicial do Conservatório Mineiro de Música de “ministrar a instrução musical em todos os seus ramos, formando professores de música, de instrumentos e de canto, compositores e regentes de orquestra”, não é mesmo?
Me parece que não são muitos os que compreendem a abissal distância entre o ensino de música do conservatório e da universidade. E, a meu ver, a falta dessa necessária compreensão gera equívocos na avaliação do ensino do nosso curso.
A disciplina “História e Música”, por exemplo, é ofertada atualmente com uma visão transversal da história da música ao contrário da narrativa histórica cronológica, antigamente adotada. Essa abordagem, de acordo com uma de suas ementas, privilegia a compreensão da música a partir de múltiplos focos de análise a fim de incentivar uma visão crítica do estudante sobre o processo histórico de produção musical. Mas a antiga perspectiva de educação, especialmente a difundida (e ainda não exterminada) pelos conservatórios, defende a transmissão passiva de conteúdo através da descrição eurocêntrica evolucionista da história da música européia ocidental. Pois no entender dessas instituições, o que o estudo da história da música deveria oferecer a um instrumentista, por exemplo, é o conhecimento dos períodos históricos em que as peças que ele interpreta foram produzidas.
Não se trata de discutir sobre as preferências individuais de cada estudante ou professor. Mas de refletir: qual modelo de ensino melhor se alinha com o papel da UFMG? Uma atuação crítica e participativa dos professores e alunos analisando a história da música a partir de uma perspectiva de processo inacabado, isto é, considerando inevitável a contribuição dos alunos para esse processo e assim não apenas incluindo, mas evidenciando a responsabilidade desses estudantes na construção dessa história ou uma postura de receptividade passiva do corpo discente, visando principalmente à assimilação de conteúdos consagrados da história da música européia ocidental reproduzida unilateralmente ao longo de séculos de colonialismo no Brasil? A primeira se aproxima da disciplina “História e Música” de que dispomos hoje e a segunda da História da Música ensinada em conservatórios e escolas de música Brasil afora.
O problema está na atual demanda de alguns alunos e professores pela retroação através do restabelecimento da História da Música. Isso demonstra que as atribuições da universidade não foram compreendidas apropriadamente.
Chimamanda Adichie, uma escritora nigeriana, discursou em uma conferência internacional sobre a perversidade da narrativa unilateral da história de um povo falando de como preconceitos absolutamente infundados são tomados por verdade devido à falta de diversidade de perspectivas sobre algo.
Espero que nossa posição privilegiada dentro de uma instituição como a UFMG não seja desperdiçada em retrocessos esterilizantes e que possamos, pelo contrário, produzir conhecimento com cada vez mais lucidez e liberdade.
Barbara Viggiano, aluna do 7º período de Bacharelado em Flauta
terça-feira, 27 de abril de 2010
PALCO MEU
O Projeto “PALCO MEU” surgiu da necessidade vital de se fazer música.
O principal objetivo do projeto consiste em divulgar a produção artística
dos alunos do Curso de Música da UFMG à comunidade acadêmica. **Essa
produção é semeada pela variedade de estilos e propostas musicais,
refletindo a realidade da Escola de Música, que em 2009 deu início a
dois novos cursos: Música Popular e Musicoterapia. *
*O D.A. Música conta com a participação de todos na estréia do "PALCO
MEU", pois se o palco é nosso, a platéia é de vocês!!*
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