segunda-feira, 10 de maio de 2010

Palco Meu – 03/05

Em sua segunda edição, o Palco Meu contou com a participação do pianista Fernando Brito esbanjando fôlego e habilidade ao tocar em seqüência a Sonata para Piano Op. 22 de L. V. Beethoven, Impressões Seresteiras de H. Villa-Lobos e o Scherzo n. 1 de F. Chopin.
Em seguida o regente Dani Magalhães mostrou seu domínio no violão acompanhado pela flautista Barbara Viggiano interpretando dois movimentos da bela Sonata em Mi Maior de J.S.Bach.
E fechando o evento outro regente, Eduardo Mendes, tocou contrabaixo com o violinista João Antônio e o violoncelista Jayaram Márcio. Esses três brilhantes músicos compõem o Trio de Cordas Jazz que conquistou a platéia com seus arranjos inovadores de tradicionais temas do Jazz Americano.

Palco Meu – 19/04

A estréia do Palco Meu foi aberta com chave de ouro por Rúbia Vieira na flauta e Fred Selva no vibrafone. Eles tocaram um arranjo bem-sucedido do Café (História do Tango) de Astor Piazzolla.
Em seguida, outro duo arrepiou o público. O pianista Thiago Quintino e sua amiga-atriz-cantora Raisa Campos tocaram a emocionante Modinha de Tom Jobim.
A terceira apresentação ficou a cargo de Jayaram Márcio encantando a platéia com a Allemande e Boureés da Suite 3 de J.S.Bach no violoncelo solo.
Fechando o evento, Guilherme Pimenta tocou no violino a Allemande da Partita 1 de J.S.Bach com muita propriedade e beleza.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Carta aberta à comunidade da UFMG, em especial da Escola de Música:

Um ano se passou desde o início dos novos cursos do REUNI na Escola de Música, e já pudemos perceber nossas primeiras dificuldades, assim como perceberam os alunos do curso de Design de Moda, da Escola de Belas Artes (conforme manifestaram em sua própria carta aberta à comunidade). Entretanto, nossas carências se evidenciam não tanto pela especificidade do nosso currículo, que agora tem como objeto e material principais as músicas consideradas “populares”, mas pela nova identidade que, aos poucos, todos os alunos da escola assumem, não mais como nichos separados que precisam desse ou daquele instrumento disponível no acervo da escola, mas como estudantes de música, em qualquer que seja sua classificação estilística, que precisam de uma estrutura material e curricular atualizada, com a qualidade que for possível e, principalmente, com a diversidade que for necessária.

Não há quem possa determinar com precisão, hoje, o conceito de música, e nenhuma autoridade no assunto pode afirmar com propriedade quais instrumentos ou formações são considerados integrantes do universo musical, uma vez que se trata de uma questão muito mais ampla que a que foi definida pela escola tradicional européia até o início do século XX.
É claro que, por questões estruturais materiais, nem tudo que é entendido como instrumento musical pode ter, na UFMG, uma formação acadêmica completa. Porque é que existe um bacharelado em Harpa ou Clarineta e não um bacharelado em Berimbau ou Balafon? Por causa da demanda, seria uma boa resposta: dentre todas as possibilidades, precisamos escolher aquelas que atendem ao maior número de pessoas. Será que existiria algum outro motivo? Justificar a ênfase em certos instrumentos em detrimento de outros na escola de música por sua complexidade técnica ou mesmo pelo repertório conhecidamente desenvolvido até hoje provavelmente seria um erro, uma vez que é impossível determinar tais critérios. A justificativa de que não haveria professores com a formação acadêmica necessária para ministrar os cursos também não é válida: se os grandes mestres daquilo que queremos estudar e desenvolver neste espaço em que agora dialogamos não tem a formação curricular imposta pelos parâmetros atuais, talvez os parâmetros é que devessem ser questionados e flexibilizados. (Você gostaria de ter como professor ou colega de trabalho um músico necessariamente formado e pós-graduado ou um músico como Pixinguinha ou Mozart que desse contribuições inestimáveis como professor, independente da formação curricular? O que afinal é importante para nós, estudantes de artes? Este ponto também merece atenção e discussão, pois é de nosso profundo interesse, e inclusive chama a atenção para a produção docente na escola.)
Assumindo que a razão e a estrutura do curso de música da Universidade Federal de Minas Gerais, assim como de qualquer outra atividade realizada por uma entidade pública de construção de conhecimento, é atender da melhor forma possível aos anseios da sociedade e daqueles que procuram a formação acadêmica, entendemos como extremamente necessária a criação de espaços para o estudo de instrumentos como o contrabaixo elétrico e a guitarra, por exemplo. Os instrumentos elétricos já surgiram há algumas décadas, e já estava mesmo na hora de a comunidade erudita aceita-los como instrumentos tão criadores de música quanto os mais tradicionais e antigos.
Por isso surgiu o bacharelado em música popular. Mas não só por isso. Além de ser uma forma de inserir no universo acadêmico instrumentos não tradicionais no contexto da criação dos primeiros conservatórios no Brasil, modelados pela tradição européia, a principal diferença do curso de música popular está no material musical estudado, nas formações, que se diversificam enormemente, e no repertório, que se atualiza e se renova. (Chegará o dia em que nos matricularemos em música, sem restrições a estilos e linguagens...)
Precisamos de amplificadores, pedestais, cabos, microfones e instrumentos para que o mínimo das nossas aulas práticas seja possível. Ficamos satisfeitos com a aquisição dos tantos pianos do último semestre, e, é claro, gostaríamos de cadeiras e estantes novas. Mas nossa prioridade, sem a qual não é possível dar prosseguimento à nossas atividades mais básicas, são, definitivamente, a composição de um mínimo de estrutura para o estudo e a formação de grupos com instrumentos elétricos e amplificados. Entretanto, nosso apelo é mais ambicioso: não se trata de uma aquisição para o novo curso do REUNI, o Bacharelado em Música Popular. Trata-se de uma aquisição que irá contribuir, não individualmente para cada estudante que se dedica à música barroca, por exemplo, mas para a totalidade da Escola de Música, que, por sua vez, ampliará, ainda que tardiamente, sua abrangência tão restrita a moldes europeus do século passado.
Este apelo aos responsáveis pelo patrimônio e pela estrutura física e curricular da Escola de Música se estende ainda a cada aluno e cada professor, convidando a todos a refletirem sobre os significados que buscamos e construímos neste espaço, e investindo coragem aos que acreditam numa construção de conhecimento, arte e diálogo sem barreiras entre estilos, sem preconceitos de linguagens, sem restrições étnicas, filosóficas, políticas, sociais ou artísticas.

Ana Carolina Estrela da Costa, aluna do 3o período da Escola de Música

Quinta-Feira, 06 de maio de 2010.